Como será o futuro da função de compras em 2030? (Parte 1 – Perspetivas)

Já terá provavelmente ouvido ou lido em todo o lado: O aprovisionamento entrou numa fase de mudança com a chegada das novas tecnologias, como a Inteligência Artificial e a automatização dos processos robotizados. A pergunta que se coloca é, no entanto, “De que forma irá evoluir?” Michael Page e a Procurious tentam responder a esta pergunta no seu estudo “PROCUREMENT 2030”, dividido em quatro partes. Iremos concentrar-nos na primeira parte.

A função de compras em 2030: quais são as perspetivas?

Não restam dúvidas de que a mudança chegou para ficar. 92% dos profissionais inquiridos acreditam que a função de comprador sofrerá mudanças até 2030. Contudo, encaram essa mudança com bastante otimismo, na medida em que acreditam que esta profissão será ainda mais próspera quando chegarmos a esse ano.

Os profissionais dessa área desempenham atualmente um papel estratégico e operacional. Surpreendentemente, os gestores de compras afirmam que 40% das tarefas que desempenham são operacionais, apesar de exercerem uma função que é, por natureza, mais estratégica. Os inquiridos revelam-se, no entanto, confiantes no futuro, na medida em que pelo menos 42% desta carga de trabalho poderia ser automatizada graças às novas tecnologias.

Embora a maioria dos gestores de compras estejam convencidos de que os espera um futuro promissor, o mesmo não se aplica forçosamente a outros intervenientes no processo. O desafio consiste, neste contexto, em dar a conhecer aos clientes internos, às administrações e aos parceiros os aspetos positivos dessa mudança.

A função de compras em 2030: ameaças e oportunidades 

É interessante observar que as três maiores ameaças à função de compras representam também as melhores oportunidades para se destacar da concorrência. Por ordem de importância, são elas: os avanços da tecnologia, o recrutamento e a retenção de talentos e, por último, a imagem e reputação da marca. É, no entanto, mais provável que os profissionais identifiquem estes elementos como oportunidades do que como ameaças.

Os dois primeiros elementos estão intimamente associados entre si. Com o tempo, os talentos quererão integrar empresas com departamentos de compras que investiram em tecnologias úteis e que tiveram sucesso na sua transformação digital.

A seguir às citadas anteriormente, seguem-se outras categorias de ameaças e oportunidades a considerar, nomeadamente, a cibersegurança, os choques geopolíticos, os fenómenos de disrupção nas indústrias e as catástrofes naturais.

A função de compras em 2030: como é percecionada?

Segundo a antevisão dos inquiridos, até 2030, os gestores de compras transformar-se-ão maioritariamente num grupo ágil de consultores estratégicos(51%) ou numgrupo influente de líderes empresariais(24%). Eles não acreditam que a função será totalmente automatizada ou externalizada.

O trabalho destes profissionais deverá também sofrer algumas mudanças. Embora a redução de custos continue a ser uma prioridade atualmente (38%), seguida da gestão de riscos (22%) e da inovação ao nível dos fornecedores (12%), as regras irão mudar em 2030. Os gestores de compras anteveem uma reorientação da sua atividade, que os levará a concentrarem-se mais nas inovações ao nível dos fornecedores(29%), nas compras responsáveis(25%) e na gestão de riscos(18%).

Os autores do estudo deixam, contudo, um alerta: antes de iniciar mudanças, é importante resolver os persistentes bloqueios, de modo a que se possa reconhecer o valor acrescentado da função de compras. Efetivamente, 76% dos inquiridos consideram que as partes envolvidas conhecem pouco ou medianamente o valor acrescentado que representam. É necessário um grande trabalho de fundo para melhorar a perceção geral sobre a importância desta atividade e o valor acrescentado que pode oferecer, que vai muito além da simples redução de custos.

*Estudo envolvendo 590 profissionais