No mundo volátil e incerto de hoje, a gestão do stock tornou-se estratégica para as empresas. Representa uma alavanca fundamental para atenuar os riscos, otimizar os custos de inventário e garantir a satisfação do cliente. Para lidar com mudanças e incertezas, muitas empresas mantêm um stock de segurança consistente nos respetivos armazéns. O desafio reside em saber como calcular eficazmente este stock, utilizando fórmulas precisas e implementando as estratégias de otimização certas para a aquisição.
O stock de segurança, também conhecido como stock de reserva, refere-se a um nível de inventário adicional detido por uma empresa para lidar com circunstâncias imprevistas. Este é reservado para situações de emergência.
Um atraso nas entregas ou um aumento da procura pode impedir rapidamente o fluxo regular da cadeia de fornecimento. O stock ideal permite precisamente evitar possíveis ruturas de stock relacionadas com estas incertezas, sem gastar muito capital. Tal ajuda a evitar potenciais danos para a empresa, como a insatisfação dos clientes, a diminuição do volume de negócios ou custos adicionais.
Há dois tipos principais de incertezas que podem afetar os níveis de stock:
Numa empresa, nem todos os produtos precisam obrigatoriamente de stock de segurança, ou do mesmo nível de stock. Antes mesmo de calcular o stock de segurança, é crucial determinar que produtos serão abrangidos. Caso contrário, pode causar stock extra no armazém e gerar custos de retenção desnecessários.
O Princípio de Pareto, ou a regra 80/20, considera que 80% do valor total é produzido por 20% das unidades mais importantes. No nosso caso, isto significa que o stock de segurança deve ser mantido para 20% dos produtos que representam 80% do valor total.
Inspirado no Princípio de Pareto, o método de gastos permite uma classificação mais refinada dos produtos com base no respetivo valor:
Para cada categoria devem ser aplicadas estratégias diferentes de gestão do stock, com níveis adaptados de vigilância.
Todo o stock de segurança é influenciado por diferentes variáveis: Flutuações na procura, prazos do fornecedor… Independentemente do método e da fórmula matemática escolhidos para calcular o stock, estas variáveis devem ser determinadas.
O prazo de execução indica o tempo necessário, em dias, para receber uma nova encomenda após a respetiva realização. Isto inclui o processamento, a produção e o tempo de entrega. Este período pode variar em função de vários fatores, nomeadamente a distância geográfica e a fiabilidade do fornecedor.
Cada empresa define objetivos em termos de níveis de serviço ao cliente. No entanto, esta variável depende da política comercial, do tipo de produtos vendidos e do setor de atividade. A qualidade do serviço caracteriza-se pela capacidade de uma empresa em suprir a procura do cliente, ou seja, as respetivas expetativas.
O consumo é, por vezes, imprevisível e difícil de controlar, apesar das previsões precisas da procura. A volatilidade da procura é amplificada pela concorrência, pela efervescência do mercado, etc. E isto sem contar com a sazonalidade dos produtos. É por isso que pode ser sensato calcular a variabilidade da procura com base no desvio padrão ou no coeficiente de variação dos dados históricos de vendas.
Há vários métodos possíveis para calcular o stock de segurança, que serão descritos em pormenor nas fórmulas matemáticas de cálculo. Atualmente, muitas empresas calculam automaticamente o respetivo stock de segurança, utilizando software especializado.
A empresa conhece as respetivas vendas médias e decide basear-se na sua experiência para determinar um período razoável que deve ser garantido.
Stock de segurança = venda média x período a garantir pelo stock de segurança
A empresa refere-se às variações de vendas observadas no passado e decide aplicar um método que lhe permitirá responder às mesmas tendências.
Stock de segurança = (venda máxima x tempo de entrega máximo) – (venda média x tempo de entrega médio)
A distribuição normal, ou distribuição gaussiana, aplica-se quando os volumes de vendas são maiores. Este método permite obter estimativas bastante precisas em relação a uma distribuição normal da procura, à qual se integram as incertezas relativas à procura e/ou aos prazos de entrega, quer sejam independentes ou não.
Para aplicar este método, deve definir primeiro:
Stock de segurança = coeficiente de segurança x desvio padrão das vendas x raiz quadrada do tempo médio de entrega
Stock de segurança = coeficiente de segurança x vendas médias x desvio padrão dos tempos de entrega
Stock de segurança = coeficiente de segurança x raiz quadrada ((tempo de entrega médio x (desvio padrão das vendas)²) + (vendas médias x desvio padrão dos tempos de entrega)²)
Stock de segurança = (coeficiente de segurança x desvio padrão das vendas x raiz quadrada do prazo médio de entrega) + (coeficiente de segurança x vendas médias x desvio padrão dos prazos de entrega)
Para otimizar ainda mais a gestão do stock, existem várias estratégias bem conhecidas dos profissionais de logística.
Depois de calcular o seu stock, é crucial determinar o seu ponto de nova encomenda, ou ponto de reposição. Isto serve para definir a que nível mínimo de stock (stock de alerta) a empresa deve acionar procedimentos de reposição. Esta ação ocorre antes de utilizar o stock de segurança.
Para calcular o ponto de nova encomenda, utilize a fórmula abaixo:
Ponto de nova encomenda = (venda média x tempo de entrega médio) + stock de segurança
As ruturas de stock podem, por vezes, estar ligadas a uma má gestão dos dados relativos ao stock na própria empresa. Para facilitar a gestão do stock, uma solução WMS (Sistema de Gestão de Armazéns) pode realmente fazer a diferença. Estas ferramentas permitem-lhe obter com precisão os dados de stock registados, bem como a localização dos produtos no armazém.
As empresas também têm todo o interesse em estabelecer relações sólidas com os seus fornecedores para reduzir os tempos de reposição e a sua variabilidade. Os acordos de parceria e a comunicação constante permitem uma melhor previsão dos problemas potenciais e um ajuste pró-ativo do stock.
A partir do domínio das principais variáveis, da escolha do método de cálculo correto e da adoção de estratégias de otimização adequadas, os gestores de logística podem preparar-se para qualquer rutura de stock. Como já compreendeu, a gestão eficaz do stock ajudá-lo-á a ganhar agilidade, a minimizar os riscos na cadeia de fornecimento e a garantir a sustentabilidade do seu negócio.